Indução Emocional

 

De forma a obter uma melhor compreensão e análise das emoções, é necessário conhecer os processos que originam a activação emocional, os próprios modelos emocionais e as diferentes formas como as emoções são exteriorizadas. Segundo Cornelius (Cornelius, 2000), as emoções podem ser vistas segundo três perspectivas diferentes, a de Darwin, a cognitiva e a Jamesiana. A teoria de Darwin sugere que “as emoções são seleccionadas por natureza relativamente ao seu valor de sobrevivência, isto é, o medo existe porque ajuda a evitar o perigo” (Cornelius, 2000). Já a teoria cognitiva refere que o cérebro é o centro de todas as emoções, e foca-se particularmente em processos directos e não-reflexivos, pelos quais o cérebro julga uma situação ou evento como boa ou má. Por último, a teoria Jamesiana defende que “as emoções são apenas a percepção de mudanças corporais como o batimento cardíaco ou as respostas da pele” (Cornelius, 2000) . Apesar de estas serem teorias antigas, podem-se extrair conceitos importantes, nomeadamente da teoria de Jamesiana.

As emoções não são um fenómeno discreto, mas pelo contrário contínuo, e como tal a representação das emoções é usualmente realizada através de um espaço bidimensional, onde estão representados por um lado a afectividade, de alegre a triste, e por outro o excitamento, de excitado a calmo. Através de um sistema de avaliação afectiva desenvolvido por (Lang & Bradley, 2005) em 1980, denominado SAM, e ainda apoiado num trabalho realizado em 2005 sobre a indução de emoções (Chanel & ET AL., 2005), o modelo bidimensional (International 10-20 System, 1998) escolhido para a representação das emoções, é o mais indicado para este estudo dado constituir uma representação das emoções bastante próxima da realidade e possibilitar ainda a determinação de estados emocionais a partir de uma representação contínua.

A detecção de emoções é por si só um tema muito complexo, e a sua eficiência depende em parte da forma como a indução dessas mesmas emoções é realizada no sujeito. Um método que hoje em dia prevalece e é usado para a indução de emoções (Chanel & ET AL., 2005) consiste em pedir a um actor para sentir ou expressar um determinado estado emocional. Esta estratégia é amplamente usada para a detecção de emoções a partir das expressões faciais e ainda de alguns sinais fisiológicos. No entanto, mesmo actores experientes cuja capacidade de atingir determinados estados emocionais é evidente, é difícil garantir que as respostas fisiológicas sejam consistentes e reproduzíveis por sujeitos que não sejam actores.

Uma forma alternativa de induzir emoções é expor o sujeito a estímulos externos, (Chanel & ET AL., 2005) estímulos esses que podem ser muito variados como músicas, imagens, vídeos, jogos de computador e outros. As vantagens mais significativas derivadas da utilização desta alternativa são o facto de não serem necessários actores, bem como a “qualidade” das emoções induzidas ser superior no sentido em que são mais reais e mais vividas.

Referências Bibliográficas:

- Chanel, G., & ET AL. (2005). Emotion Assessment: Arousal Evaluation using EEG's and Peripheral Physiological Signals. University of Geneva, Switzerland: Computer Science Department.

- Cornelius, R. R. (2000). Theoretical approaches to emotion. ISCA workshop on Speech and Emotion. Belfast.

- Lang, P. J., & Bradley, M. M. (2005). International Affective Picture System (IAPS): Affective ratings of pictures and instruction manual. Technical Report A-6. University of Florida. Gainesville, FL.

- International 10-20 System. (1998). Obtido em Setembro de 2007, de http://members.aol.com/aduial/1020sys.html